FUTEBOL»» Treinador aguarda que o telefone toque… - JORNAL DE DESPORTO

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quinta-feira, 21 de novembro de 2013

FUTEBOL»» Treinador aguarda que o telefone toque…

Resolvidos alguns problemas de ordem profissional e familiar

Eugénio Cardoso está ansioso por voltar ao activo

Eugénio Cardoso
Jogou até aos 42 anos na posição de guarda-redes onde se notabilizou ao serviço de vários clubes tanto na segunda divisão nacional como na terceira e até mesmo na 1.ª divisão distrital. Começou a sua carreira de jogador na época de 1971/72 nos juvenis do Amora de onde se transferiu na época seguinte para o Belenenses onde actuou ainda como juvenil e também como júnior. Como sénior, estreou-se no C. Piedade, depois regressou às origens; ou seja, ao Amora, e posteriormente passou pelo Estrela da Amadora, Esp. Lagos, Sacavenense, Seixal e Sesimbra, terminando a sua carreira no C. Piedade.



Depois, enveredou pela carreira de treinador funções que desempenhou também em diversos clubes nomeadamente C. Piedade, Montijo (como adjunto de Benvindo Assis), de novo C. Piedade, Sacavenense, Trafaria e outra vez C. Piedade, de onde saiu em Janeiro de 2012. De então para cá tem estado parado por razões de ordem profissional e familiar. Mas, agora com a sua situação estabilizada está ansioso por voltar ao activo e perfeitamente disponível para abraçar um projecto credível, assim surjam convites.





Actividade suspensa por
razões de ordem profissional e pessoal

Ultimamente tem andado afastado do futebol. Quais as razões, não tem recebido convites de clubes para treinar?
Não, desde Fevereiro do ano passado quando saí do Cova da Piedade onde fui testado numa missão bastante espinhosa. Dá a ideia que sou o treinador das crises mas como era e continuo a ser piedense não consegui dizer não ao meu clube porque foi ele que me projectou para o futebol e me fez crescer como homem de valores e sentimentos. Foram cerca de 15/16 anos, a representar o Cova da Piedade, 9 anos como jogador e 6/7 anos como treinador da sua equipa principal. Tenho a consciência que naturalmente não consegui agradar a todos mas isso faz parte da vida, neste caso desportiva. Mas, podem crer que dentro das minhas capacidades e muitas vezes para além do limite do razoável, sempre servi o Cova da Piedade e nunca me servi dele, em momento algum. Agora, respondendo directamente à pergunta direi que em Março de 2012, a empresa onde trabalhava começou a ter problemas de ordem financeira e deixou de pagar os respectivos vencimentos e em Junho tive de rescindir o contrato de trabalho porque entretanto caiu um pedido de insolvência e fiquei desempregado. Logo de seguida, e por doença o meu pai que já tinha alguns problemas de locomoção devido ás cartilagens dos joelhos além de outros problemas de saúde, (diabetes e alzheimer) piorou e ficou acamado e porque um mal nunca vem só a minha mãe num espaço de 15 dias, caiu duas vezes; na primeira fracturou um pulso e na segunda queda fez uma fissura no cotovelo. Nessa altura recebi dois convites para treinar mas tive que declinar em virtude de ter que ajudar os meus pais naquele momento crítico e também porque eu próprio, com todas estas ocorrências, não me sentia com capacidades físicas e mentais para aceitar o cargo. Quem me conhece sabe que eu me entrego com todas as minhas forças e capacidades e naquele momento não podia porque estava completamente de rastos.


“Sou o treinador das crises”

Quer dizer então que está disposto a regressar aos relvados se aparecer algum projecto interessante?
Claro que sim. Felizmente já ultrapassei esta fase menos boa da minha vida profissional e familiar. Apesar de o meu pai continuar acamado o estado dele felizmente estacionou e neste momento sinto-me na plenitude de todas as minhas capacidades e com uma enorme vontade e disponibilidade de voltar a treinar. Agora o que falta mesmo é o convite.

Eugénio Cardoso e Álvaro Fernandes quando treinavam o Trafaria
Consta que o Eugénio Cardoso é um treinador exigente em termos financeiros. Tem algum fundamento aquilo de alguns dizem?
De forma alguma. Ainda à pouco dei o exemplo que sou o treinador das crises e não só no Cova da Piedade mas também em Sacavém. No dia 1 de Novembro fui convidado e dois dias antes do Natal jogámos em casa. A direcção tinha prometido pagar um dos subsídios em divida mas não pagou por dificuldades financeiras. Num plantel de 25 jogadores ficaram 11 jogadores e destes só dois eram titulares. Foi o clube onde tive o plantel em quantidade e qualidade de maior valor. Quando lá cheguei o clube estava em 6.º lugar na Divisão de Honra de Lisboa a 6 pontos do primeiro lugar e no dia 23 de Dezembro estava em 2.º lugar a apenas um ponto do primeiro classificado. Mas, compreendi perfeitamente a atitude dos jogadores porque a maior parte deles estava dependente dos subsídios para pagamento dos seus compromissos. Presentemente os clubes deparam-se com grandes dificuldades em termos financeiros, reflexo também da crise que se generalizou na Europa e em particular em Portugal. Portanto, os técnicos de futebol, têm que ter em conta, toda esta conjuntura e em particular no futebol amador em que o apoio é pouco ou em alguns casos nenhum.

O seu percurso como treinador tem sido desenvolvido sobretudo em clubes da margem sul do Tejo mas também já exerceu funções em clubes da zona de Lisboa. Neste momento, tem preferência por alguma região?
Quem profissionalmente trabalha na margem sul e reside na mesma zona tem naturalmente a preferência de treinar clubes na sua região até pela questão dos horários de forma a conciliar a vida profissional com a de treinador mas não ponho de lado a hipótese de voltar a treinar clubes da região de Lisboa.


“Distrital vai ser o mais competitivo das últimas épocas”

Embora afastado dos relvados como treinador supostamente não tem andado afastado dos relvados como assistente. Ou seja, está perfeitamente por dentro da actual realidade dos clubes da nossa região?
Sim. Todos os fins-de-semana vejo muito futebol. Tenho acompanhado jogos da 1.ª Liga, 2.ª Liga, Campeonato Nacional de Seniores e Campeonato Distrital de Setúbal, além de ler toda a informação desportiva tanto a nível nacional como distrital e tento na medida do possível estar atento e actualizado a todos os processos de treino e jogo e também na observação de jogadores. Sobre a realidade dos clubes, vejo com preocupação o futuro porque cada vez o apoio é menor e as despesas estão sempre a aumentar. Depois, vamos a qualquer campo e deparamos que os mesmos estão sem público a assistir facto que é bastante negativo para os clubes porque não existe receita e também para os jogadores é muito diferente jogar com público do que com os campos vazios. Espero que a situação se vá invertendo para bem dos clubes e do futebol.

Quais são as suas perspectivas para o campeonato distrital. Acredita que vai haver muita competição ou é da opinião que o número de candidatos vai ser reduzido?
Devido à criação do Campeonato Nacional de Seniores e consequente descida de clubes como o Fabril, Amora e Sesimbra e também devido à actual conjuntura em termos financeiros dos clubes a nível nacional e porque neste momento muitos jogadores procuram continuar a sua actividade perto da sua zona de residência e pelos jogos que já observei - apesar de ainda só se ter efectuado cinco jornadas e alguns clubes apenas só terem feito quatro jogos - penso que este campeonato vai ser o mais competitivo em termos gerais das últimas épocas. Como candidatos à subida, numa primeira linha coloco o Alcochetense, Fabril, Almada e Amora e numa perspectiva dos clubes que se possam intrometer na discussão do título, numa segunda linha coloco o União de Santiago, Alfarim e Palmela, deixando em aberto uma possível surpresa que normalmente aparece sempre. Portanto, temos aqui 7 ou 8 clubes a discutir o lugar cimeiro do distrital. Entre os restantes, muito sinceramente esperava mais do Sesimbra e dos Pescadores da Costa da Caparica mas ainda há muito campeonato para recuperar. Portanto, penso que vamos ter um distrital de muito boa qualidade e bastante competitivo.


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