COVA DA PIEDADE»» Sérgio Bóris pede reflexão sobre o futuro - JORNAL DE DESPORTO

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sábado, 24 de janeiro de 2015

COVA DA PIEDADE»» Sérgio Bóris pede reflexão sobre o futuro

Treinador diz que não quer ser um problema…

“Há coisas no dia-a-dia que não são compatíveis
com uma equipa que anda no CN Seniores”

O Cova da Piedade terminou a primeira fase do Campeonato Nacional de Seniores em terceiro lugar uma posição bastante positiva que até poderia ter sido ainda melhor se não tivessem surgido alguns contratempos que limitaram fortemente o leque de opções do treinador Sérgio Bóris.

Com efeito, depois de sete vitórias, três empates e apenas uma derrota nos 11 primeiros jogos nada fazia prever que a equipa tivesse uma quebra tão acentuada em termos de resultados nos restantes encontros que resultaram em cinco derrotas [quatro das quais consecutivas], um empate e apenas uma vitória.

As lesões e a saída de alguns jogadores foram factores fundamentais para esta queda abrupta que de certa forma contribuiu para que a equipa ficasse com menos hipóteses de se poder classificar num dos dois primeiros lugares que não só dariam o acesso ao play-off das subidas como garantiria desde logo a manutenção no campeonato da próxima temporada.

Mesmo assim, apesar das limitações, a equipa foi digna, bateu-se bem e deu tudo o que tinha até ao último jogo mas não conseguir alcançar uma daquelas posições que estiveram de facto ao seu alcance, embora o objecto inicial nunca tivesse sido esse.

Agora vai lutar pela manutenção numa competição a oito que se prevê bastante complicada porque entre o primeiro e o sétimo há apenas três pontos de diferença. Esta é a fase decisiva onde não pode haver percalços. Por isso, mais que nunca, a equipa precisa de estabilidade e sobretudo de muito apoio para poder chegar ao fim com a missão e com o objectivo [manutenção] cumprido.

Aproveitando a paragem do campeonato o Jornal de Desporto pediu para que Sérgio Bóris fizesse o balanço da primeira fase, que falasse do objectivo para a segunda fase e de algumas questões bastante pertinentes sobre as condições de trabalho e da sua continuidade no clube.

“Fomos nós que nos metemos numa luta que não era nossa”

Qual o balanço que se pode fazer sobre aquilo que foi a primeira fase do campeonato?
Para podermos dizer se foi bom ou mau temos que ter sempre algum termo de comparação. Caímos numa série muito mais difícil que a do ano passado. A série de Lisboa é indiscutivelmente muito mais competitiva que a do Algarve e a verdade é que fizemos mais pontos, uma classificação melhor e um goal-average mais positivo. Portanto, nas variantes que se apresentam com dados, esses são indiscutíveis. Há pessoas que acham que o ano passado jogávamos melhor e outras acham que jogamos melhor este ano, ou seja, as opiniões discutem-se mas os números são irrebatíveis. Numa série mais difícil fizemos mais pontos, este ano 28 e o ano passado 26; ficámos em terceiro lugar e o ano passado em quarto; e no goal-average o ano passado tínhamos um golo positivo e este ano temos dois. Portanto, em todas as variantes melhorámos. Tivemos um ano com melhores resultados e melhores performances naquilo que é a grande realidade do futebol, que são os números. Logo, tenho que dizer que foi uma primeira fase positiva. Fica o amargo de boca de não termos ficado num dos dois primeiros lugares mas é importante que se diga que fomos nós que nos metemos nessa luta, que não era nossa. No último domingo jogámos contra uma equipa em que o seu trio ofensivo tem um orçamente quase semelhante ao nosso onze que estava a jogar. Se calhar estou a exagerar um pouco mas a verdade é que se trata de uma realidade [não interessa se é boa ou má] completamente diferente da nossa. Portanto, considero que fizemos uma primeira fase bastante positiva.



“Começámos como candidatos a fugir aos últimos três lugares
e acabámos nos três primeiros”


Qual foi o segredo deste terceiro lugar?
Diria que construímos bem, encontrámos um perfil de jogador, identificámos o que pretendíamos e acertámos em quase todas as aquisições e renovações. Ficámos com homens, com gente que gosta de ganhar, com jogadores que vêm treinar, e não vêm apenas ao treino. Fomos humildes e assumimos que havia plantéis muito mais caros e apetrechados que o nosso, mas ninguém poderia querer treinar mais que nós, ninguém poderia querer ganhar mais que nós, foi este o segredo. Foi assim que nos metemos numa luta que ninguém acreditava que poderia ser disputada até ao último minuto do último jogo. Perdemos essa batalha, mas só por termos vencido tantas outras é que chegámos ao terceiro lugar com o orçamento e com as condições que temos. Resumindo, digo-lhe que começámos como candidatos a fugir aos últimos três lugares, e no final da primeira fase acabámos nos primeiros três lugares. Mudámos a imagem que existia do clube no início da época, mas aqui parece-me justo que se valorize quem mais contribuiu para que isto acontecesse; ou seja os jogadores que foram enormes.

“Às vezes exige-se muito para aquilo que se oferece”

E em relação à segunda fase, o objectivo continua a ser o mesmo; ou seja, a manutenção?
O objectivo será sempre aquele que foi definido no início da época; isto é, a manutenção. O campeonato vai parar três semanas [só recomeça a 15 de Fevereiro] e nós vamos ter que parar um bocadinho para reflectir sobre o futuro. Estes dias que se seguem vão ser muito importantes porque há coisas no dia-a-dia que não são compatíveis com uma equipa que anda no Campeonato Nacional de Seniores. Parece-me que não é o momento de nos agarrarmos a justificações e desculpas porque não foi por isso que conseguimos ou deixámos de conseguir. Mas a verdade é que há um passo que tem que ser dado pelo clube, pela estrutura, pelas pessoas responsáveis pelo futebol sénior e também depois, por continuidade, naturalmente por quem o quiser acompanhar, nomeadamente equipa técnica e jogadores. Eu aprendi desde muito pequenino que se queres exigir tens que ser exigente e aqui às vezes exige-se muito para aquilo que se oferece e se proporciona.

“Perante a realidade existente será difícil fazer melhor”

Isso quer dizer que está descontente com as condições que lhe são proporcionadas para desenvolver e planificar o seu trabalho?
Digamos que perante a realidade existente e aquilo que é o dia-a-dia que vivemos será difícil fazermos melhor. Mas, repare, esta é apenas a minha opinião, acredito e respeito
que haja quem pense que é possível fazer melhor com o dia-a-dia que vivemos actualmente. Eu sou honesto, não vendo sonhos e gostem ou não, entrei aqui Sérgio, não vou sair daqui João nem Manel. Portanto, sem rodeios reafirmo a minha ideia, ou damos todos um passo em frente ou o futuro do clube poderá ser bem diferente do que foi nesta primeira fase do CNS 2014/15.


“Se o futuro estagnar ou deixar de crescer
o meu ciclo estará mais perto do fim”


Pelas suas palavras fica a sensação de que este seu ciclo no C. Piedade poderá estar a terminar ou será que ainda é prematuro pensarmos numa coisa dessas?
A vida é feita de ciclos e comigo não será diferente. Antes do Sérgio e a sua equipa técnica aparecerem já existia o Cova da Piedade e a única certeza que tenho é que depois de nós sairmos o Cova da Piedade como clube mais representativo desta cidade, vai continuar a existir. O clube deu-nos a oportunidade de mostrarmos o nosso trabalho, mas parece-me que, embora todos os fim de semana existam pessoas que fazem questão de mostrar o contrário, nós também ajudámos e contribuímos para o que foi o crescimento deste clube nos últimos três anos. Desde que aqui entrei, sempre disse que queria fazer parte da solução, e nunca ser mais um problema e em quase quatro anos fizemos sempre melhor que no ano anterior. E, atenção, quando digo fizemos refiro-me a nós equipa técnica, jogadores, clube/direcção e nesta época sou obrigado a incluir o Paulo Veiga que é o principal responsável pelo futebol sénior e tem sido nos últimos dois anos uma mais valia para este clube. Se houver interesse para que possamos crescer juntos podem contar connosco, se o futuro for estagnar, deixar de crescer e até andar para trás em muitas situações como aconteceu nos últimos três meses, então aí sem dúvida o meu ciclo estará mais perto do fim...

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