PORTUGUESES LÁ POR FORA»» Diogo Nobre é rei e senhor na Finlândia - JORNAL DE DESPORTO

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quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

PORTUGUESES LÁ POR FORA»» Diogo Nobre é rei e senhor na Finlândia

Qualidade e inovação têm sido as chaves do sucesso…

TREINADOR PORTUGUÊS JÁ CONSEGUIU DUAS SUBIDAS DE DIVISÃO

Diogo Nobre, de 28 anos, natural de Corroios, é um treinador de sucesso na Finlândia.

Começou a trabalhar no Peimari United em 2012 com o clube no sexto escalão do futebol finlandês. Depois, nos dois anos seguintes conseguiu outras tantas subidas de divisão e para esta época [a quarta ao serviço do clube] o objectivo é o mesmo.

Sob o seu comando e dos seus adjuntos, Hugo Henriques e André Miranda, têm trabalhado vários jogadores portugueses oriundos sobretudo de clubes da Margem Sul do Tejo, como é o caso de Adimar que jogou no C. Piedade e Beira Mar de Almada e que vai cumprir a sua terceira época no clube; Pedro Cardoso que actualmente defende as cores do Alcochetense; Jardel que está no Sesimbra; Gonçalo Cruz presentemente a jogar no Pinhalnovense. E esta época para colmatar as saídas de Pedro Cardoso e Jardel foram asseguradas as presenças de Gerson Lima, guarda-redes que alinhava no Operário de Lisboa e de Ju que o ano passado jogou na 1ª liga do Bangladesh mas antes havia representado o Fabril, Amora e Pinhalnovense.

No arranque da nova época desportiva falámos com Diogo Nobre no sentido de dar conta do seu trabalho e dar a conhecer os seus objectivos para 2015 não só no futebol sénior mas também no futebol mais jovem do qual é também o principal responsável e ficámos então a saber algumas ideias novas que implementou para tentar captar mais aderentes para a modalidade num país em que o futebol não é de forma nenhuma o desporto rei devido muito provavelmente às raízes culturais das suas gentes e ao rigor do Inverno que se faz sentir naquelas paragens.

“Queremos fazer história na Taça Nacional”

Equipa prepara-se para mais um jogo...
Está preparado para o arranque de mais uma época desportiva?
Sim estamos a trabalhar para começarmos o melhor possível, o que se tornou mais fácil por termos já este ano a nossa própria arena indoor para praticar futebol mesmo com as baixas temperaturas que se fazem sentir. Começámos muito bem ganhando na 1.ª e 2.ª eliminatórias da Taça da Finlândia naqueles que foram os primeiros testes a sério desta época. Pelo que percebi nunca nenhuma equipa da 4.ª divisão passou da 3ª eliminatória na Taça Nacional, em 70 anos de história. Por isso, o nosso grande “sonho” é fazer história no próximo jogo, que, ainda por cima, vai ser contra o nosso grande rival Haka Paimion que joga uma divisão acima. Vai ser casa cheia certamente e um grande jogo de futebol.

“As expectativas são altas”

Quais são as perspectivas para este ano?
O principal objectivo é ser campeão da 4.ª divisão para assim conseguirmos as tão desejadas três subidas consecutivas, que foi sempre o nosso grande objectivo desde 2012. Poderá concretizar-se este ano. As expectativas são altas porque se conseguirmos subir à 3.ª divisão, vamos finalmente entrar nos escalões “semi-profissionais”, onde irá começar a segunda fase no nosso projeto, em que teremos de reformular objectivos e reunir mais apoios, para depois ser possível “atacar” os campeonatos profissionais que é o nosso objectivo final. O clube tem que estar sempre em progressão. Vamos também dar o nosso melhor para tentar sermos um sério candidato a vencedores da taça regional, troféu que sabemos ser difícil conquistar porque nele competem equipas de divisões superiores. Esta é uma grande aposta pessoal porque conheço bem as equipas participantes e sei que temos capacidade para poder ambicionar qualquer coisa nesta competição. Na Taça Nacional, tal como já referi, estamos a tentar causar uma surpresa, dando o melhor em cada jogo, mas com os pés bem assentes na terra. Temos tido a oportunidade de estudar bastante os adversários para prepararmos a nossa jovem equipa no sentido de dar o seu melhor contra outras teoricamente melhores e com mais experiência.


“Ju (ex- Fabril, Amora e Pinhalnovense) é o mais recente reforço”


Ju, na altura em que representava o Amora
Em relação a jogadores há mais portugueses na equipa?
O Adimar Neves vai continuar connosco, está completamente integrado na equipa, entrando já no grupo de capitães mas infelizmente o Gonçalo Cruz e o Diogo Soares, por razões diferentes, tiveram de abandonar o clube. Então contratámos um jovem guarda-redes de Lisboa, Gerson Lima que jogou em clubes como Sp. Lourel, Casa Pia, Atlético e Operário, é um jovem de 19 anos com um potencial enorme que estamos a tentar lapidar e prepará-lo para ser uma grande mais-valia do clube nas próximas épocas. Também contratámos um jovem extremo da margem sul que esteve aqui dois dias mas que alegadamente por um grave problema familiar teve de abandonar de imediato o Peimari United, sendo que para o seu lugar tenho o prazer de anunciar que assegurei o concurso do meu ex-jogador Leonildo Soares, mais conhecido por “Ju” no futebol da Margem Sul. Trabalhámos juntos no Fabril há uns anos e finalmente tive a oportunidade de trabalhar com ele de novo. O Ju esteve o ano passado na 1.ª liga do Bangladesh mas antes disso representou Fabril, Amora e Pinhalnovense. Espero que o processo de transferência decorra o mais rapidamente possível e que se junte a nós ainda neste mês.

“A grande novidade deste ano é o futebol de rua”

E quanto às camadas mais jovens há também novas ideias e novos projectos?
Quanto às camadas jovens estamos numa altura de “transição”. Assegurámos a aquisição definitiva do nosso terceiro treinador português, André Miranda, que junto com o Hugo Henriques estão a fazer um bom trabalho em construir equipas mais competitivas para tentar subir uma divisão em todos os escalões e tentar quadros competitivos mais exigentes, seguindo o bom exemplo dos seniores. A transição que falo tem a ver com os nossos miúdos perceberem finalmente que podem ir mais longe, adquirindo uma mentalidade mais competitiva e que tudo é possível no futebol, sendo eles próprios responsáveis pelo seu desenvolvimento e performance. Quando chegámos havia muito a síndrome de “miúdos da aldeia”, que iam jogar contra as equipas de Turku [a grande cidade próxima] e amedrontavam-se, para além de faltarem muitos aos treinos. Neste momento estas situações estão a desaparecer aos poucos. Mas a grande novidade deste Inverno, foi o projeto que chamámos “Street football” (futebol de rua) que está a cativar todas as equipas. Esta ideia nasceu depois de percebermos que, mesmo com as nossas equipas a praticarem um bom futebol, havia uma grande falta de criatividade no processo ofensivo em relação ao que estamos habituados em Portugal e no meu caso mais propriamente na Margem Sul. Depois de pensar muito no assunto percebi que no meu tempo os miúdos desenvolviam fintas e outras coisas novas através do futebol de rua, sem treinadores a chatear. O problema era como trazer isso para um país em que no Inverno há temperaturas negativas e que no Verão tem demasiados divertimentos porque a capacidade económica assim o permite.

“Daqui a alguns anos vamos ter jogadores seniores mais criativos”

Inovação: balizas baixas para a bola nunca “sair do chão”
E como é que conseguiu ultrapassar esse problema?
Pedi a um carpinteiro nosso amigo para fazer duas balizas baixas para a bola nunca “sair do chão” mas que fosse suficientemente larga para não haver espertalhões a bloquear. Desenvolvemos no pavilhão da escola local, este jogo, em que os miúdos pintaram eles próprios as balizas, e durante os treinos montam as balizas, escolhem eles as equipas, e são os próprios árbitros. Nestes treinos especiais os treinadores só vão lá para levar as bolas, os miúdos são os totais responsáveis pelo processo. As equipas não usam coletes para os obrigar a jogar de cabeça levantada vendo as caras dos colegas e não as cores florescentes a passar. Para apelar à criatividade desenvolvemos um sistema de pontuação em que quem marca um golo, ganha um ponto, mas quem marca golo depois dum drible ganha dois. Quem marca com o pé esquerdo também ganha dois pontos e quem faz uma “cueca” ganha um ponto e quem a sofreu perde um. Isto tudo para no fim de cada treino ser coroado o “rei de Sauvo” que tem o direito de escolher um castigo para a equipa perdedora e os mais pequeninos riem-se imenso. Temos outras regras, como usar as paredes para fazer tabelas, mas não existem cantos, a bola sai sempre de trás a construir, e por último a bola não pode levantar mais que a altura do joelho. Para além disso os jogos são 3X3 para haver mais contactos com a bola por jogador e há um sistema de “roda bota fora”, em que quem perde sai, para apelar à competitividade. Com este sistema de treino novo esperamos daqui por alguns anos, ter jogadores seniores mais criativos, capazes de coisas novas e positivas para que se divirtam a jogar futebol durante muitos anos.





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