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quinta-feira, 26 de março de 2015

ALMADA»» Entrevista com Nuno Cirilo

As suas ambições passam pelo futebol profissional…

“A vontade de ser treinador era cada vez maior e isso facilitou a minha decisão”


Tem 31 anos, começou a jogar no Almada, passou pelos iniciados, juvenis e juniores do SL Benfica, clube que chegou a representar na equipa B na época de 2003/2004. Depois, seguiu-se na sua carreira de futebolista o Farense, Elvas, Oliveira do Hospital, Sintrense e novamente Almada, onde se encontra desde a época de 2008/2009.

Esta época começou como treinador adjunto de Filipe Celikkaya, mas a falta de recursos no plantel levou-o a calçar também as botas de jogador. Agora, com a saída de Filipe Celikkaya foi convidado para assumir o cargo de treinador principal do Almada Atlético Clube que ocupa neste momento o 10.º lugar no Campeonato Distrital da 1.ª Divisão.

Porque o seu objectivo é ser mesmo treinador de futebol profissional, Nuno Cirilo aceitou com satisfação o convite. Realizou o seu último jogo como jogador em Sesimbra e iniciou as suas novas funções frente ao Amora.

Em entrevista ao nosso jornal, Nuno Cirilo falou da sua carreira de jogador, do azar que teve em Elvas, da carreira do Almada esta época e das suas ambições como treinador de futebol.

“Sabemos das dificuldades que temos tido e iremos continuar a ter”

Começou a época com a dupla função de jogador e treinador-adjunto mas com a saída de Filipe Celikkaya assumiu o cargo de treinador principal. Como é que está a encarar esta sua nova tarefa?
Comecei como treinador adjunto a convite do Filipe Celikkaya, algo que desejava e sabia que mais tarde ou mais cedo iria acontecer, pois no passado já tinha recebido o seu convite quando ele esteve no SL Benfica. No entanto, devido à escassez de elementos para o meio campo e dada à impossibilidade de alguns jogadores continuarem no Almada, e depois de uma conversa com o Filipe Celikkaya, decidimos que o melhor seria voltar a jogar. Estou a encarar bem a tarefa, é uma experiência nova que decidi aceitar com a motivação de dar continuidade ao trabalho que vinha a ser desenvolvido desde o início da época com o Filipe Celikkaya. Sabemos das dificuldades que temos tido e iremos continuar a ter pois o nosso campo está em péssimas condições e isso retira-nos qualidade de treino e motivação aos jogadores mas temos de aceitar o que temos, adaptarmo-nos às condições e tentar fazer o melhor possível.

O campeonato está a entrar na sua fase derradeira e os últimos resultados não têm sido famosos. Acredita que a equipa poderá vir a subir de rendimento e evitar a queda na zona perigosa?
Os jogadores quando entram em campo, só pensam em jogar e ganhar, agora sabemos que temos sido condicionados de uma ou outra maneira. Acredito que vamos dar uma resposta positiva, pois temos qualidade para isso.

Que justificação encontra para classificar a época menos boa que o Almada está a realizar?
Não penso que seja menos boa ou menos má. É o possível dentro das nossas limitações. Como sabe, o Almada não tem orçamento para o futebol sénior. Existem coisas mais importantes dentro do clube para tratar neste momento, mas isso só a Direcção pode responder.

“Não vou voltar a jogar”

No futuro são estas as funções que quer vir a exercer?
Exactamente, já tinha iniciado a época como treinador adjunto, ou seja, já tinha decidido deixar de jogar para me iniciar como treinador. Não vou voltar a jogar, independentemente do que aconteça.

Até onde vão as suas ambições?
As minhas ambições passam por ser treinador de futebol profissional. Sei que é difícil e que o caminho é longo e cheio de obstáculos, mas é o meu objectivo e vou seguir esse caminho. Estou a tirar 1.º nível do curso de treinador e terminei agora o curso de análise, observação e treino de futebol na Lusófona. Com isto quero dizer que estou a trabalhar para o meu objectivo.

Na jornada anterior (em Sesimbra) fez o seu último jogo como jogador. Não será um abandono prematuro, dado que tem apenas 31 anos?
Penso que saio na idade certa, a questão física começava a ser um impedimento. Tive várias lesões durante a minha carreira que me foram limitando época após época fazendo com que tivesse a vontade de deixar de jogar futebol e iniciar-me como treinador nesta idade. Para além disso, a vontade de ser treinador era cada vez maior e assim facilitou a minha decisão.

Lesão grave impediu-o de vir a ser profissional

Como jogador começou no Almada mas depois fez toda a sua formação no Benfica chegando a jogar pela equipa B, seguindo-se outros clubes e depois o regresso a Almada. Quer isso dizer que nem tudo foram rosas no seu percurso de jogador?
Na verdade, nem de longe nem de perto foi um mar de rosas! Depois da saída do S.L. Benfica B, passei por Farense, Elvas, Oliveira do Hospital e Sintrense, e à excepção do Sintrense, todos me ficaram a dever ordenados. No Farense estive um ano sem receber mas nunca nos faltou alimentação e casa e as pessoas à volta do clube sempre nos ajudaram. No Elvas aconteceu uma situação que viria a acabar com as minhas aspirações de ser jogador profissional de futebol. Num treino fracturei a tíbia, na sequência dessa lesão fiquei com uma insuficiência venosa na perna esquerda o que me limitaria em 20%, ou seja, profissionalmente não teria condições para continuar. Ainda tentei jogar aquele nível passando pelo Oliveira do Hospital e Sintrense mas era de facto muito difícil e foi esse o motivo que me levou a optar por jogar no Distrital. Escolhi o Almada o clube onde me iniciei no futebol e por ser o meu clube do coração. Por esse motivo nunca saí do Almada, mesmo tendo várias propostas todos os anos.

Está arrependido de algumas decisões que tomou?
Sim, há sempre arrependimentos, situações que hoje, faríamos de outra maneira. Por exemplo, escolher o clube para onde iria jogar por me pagarem mais que outros, quando deveria ter escolhido pelas condições de trabalho, estabilidade do clube e pelos treinadores. Faz toda a diferença para a nossa evolução enquanto jovens à procura de singrar no futebol profissional.

"Queremos estar presente na final da Taça AF Setúbal"

Para além do campeonato o Almada está também envolvido na Taça da AF Setúbal onde vai defrontar o V. Gama, em Sines, em jogo relativo às meias-finais. O objectivo passa certamente por vencer para garantir a sua presença na final?
Como já disse anteriormente, os jogadores entram em campo sempre com vontade de ganhar, este jogo não será diferente, aliás, será mais motivante pois implica um lugar na final da taça e isso será prestigiante para o clube e também para os jogadores. Para além disso o Almada nunca passou as meias-finais da taça e este ano queremos fazer diferente e alcançar o lugar na final.


Que terá ficado ainda por dizer nesta nossa conversa?
Penso que foi tudo dito mas ainda assim quero começar por desejar muita sorte ao Filipe Celikkaya no projecto em que está inserido e dizer-lhe que continue a trabalhar e a acreditar, pois vai conseguir chegar “lá”. Quem trabalha com a competência e determinação que ele trabalha, com certeza que vai ter sucesso. Eu já lhe disse pessoalmente e volto a dizer publicamente, passaram por mim muito bons treinadores mas o Filipe Celikkaya foi sem dúvida o melhor. Falo como jogador e não como amigo. Quero agradecer também ao Presidente Fernando Matos, Anabela Rodrigues, Manuel Mestre por me terem apoiado e também à restante equipa técnica que se manteve à frente da equipa.