As suas
ambições passam pelo futebol profissional…
“A
vontade de ser treinador era cada vez maior e isso facilitou a minha decisão”
Tem
31 anos, começou a jogar no Almada, passou pelos iniciados, juvenis e juniores
do SL Benfica, clube que chegou a representar na equipa B na época de
2003/2004. Depois, seguiu-se na sua carreira de futebolista o Farense, Elvas, Oliveira
do Hospital, Sintrense e novamente Almada, onde se encontra desde a época de
2008/2009.
Esta
época começou como treinador adjunto de Filipe Celikkaya, mas a falta de
recursos no plantel levou-o a calçar também as botas de jogador. Agora, com a
saída de Filipe Celikkaya foi convidado para assumir o cargo de treinador
principal do Almada Atlético Clube que ocupa neste momento o 10.º lugar no
Campeonato Distrital da 1.ª Divisão.
Porque
o seu objectivo é ser mesmo treinador de futebol profissional, Nuno Cirilo
aceitou com satisfação o convite. Realizou o seu último jogo como jogador em
Sesimbra e iniciou as suas novas funções frente ao Amora.
Em
entrevista ao nosso jornal, Nuno Cirilo falou da sua carreira de jogador, do
azar que teve em Elvas, da carreira do Almada esta época e das suas ambições
como treinador de futebol.
“Sabemos das dificuldades que temos
tido e iremos continuar a ter”
Começou a época com a dupla função de
jogador e treinador-adjunto mas com a saída de Filipe Celikkaya assumiu o cargo
de treinador principal. Como é que está a encarar esta sua nova tarefa?
Comecei
como treinador adjunto a convite do Filipe Celikkaya, algo que desejava e sabia
que mais tarde ou mais cedo iria acontecer, pois no passado já tinha recebido o
seu convite quando ele esteve no SL Benfica. No entanto, devido à escassez de
elementos para o meio campo e dada à impossibilidade de alguns jogadores
continuarem no Almada, e depois de uma conversa com o Filipe Celikkaya,
decidimos que o melhor seria voltar a jogar. Estou a encarar bem a tarefa, é
uma experiência nova que decidi aceitar com a motivação de dar continuidade ao
trabalho que vinha a ser desenvolvido desde o início da época com o Filipe
Celikkaya. Sabemos das dificuldades que temos tido e iremos continuar a ter
pois o nosso campo está em péssimas condições e isso retira-nos qualidade de
treino e motivação aos jogadores mas temos de aceitar o que temos, adaptarmo-nos
às condições e tentar fazer o melhor possível.
O campeonato está a entrar na sua fase
derradeira e os últimos resultados não têm sido famosos. Acredita que a equipa
poderá vir a subir de rendimento e evitar a queda na zona perigosa?
Os
jogadores quando entram em campo, só pensam em jogar e ganhar, agora sabemos
que temos sido condicionados de uma ou outra maneira. Acredito que vamos dar
uma resposta positiva, pois temos qualidade para isso.
Que justificação encontra para classificar
a época menos boa que o Almada está a realizar?
Não
penso que seja menos boa ou menos má. É o possível dentro das nossas
limitações. Como sabe, o Almada não tem orçamento para o futebol sénior.
Existem coisas mais importantes dentro do clube para tratar neste momento, mas
isso só a Direcção pode responder.
“Não vou voltar a jogar”
No futuro são estas as funções que
quer vir a exercer?
Exactamente,
já tinha iniciado a época como treinador adjunto, ou seja, já tinha decidido
deixar de jogar para me iniciar como treinador. Não vou voltar a jogar,
independentemente do que aconteça.
Até onde vão as suas ambições?
As
minhas ambições passam por ser treinador de futebol profissional. Sei que é difícil
e que o caminho é longo e cheio de obstáculos, mas é o meu objectivo e vou
seguir esse caminho. Estou a tirar 1.º nível do curso de treinador e terminei
agora o curso de análise, observação e treino de futebol na Lusófona. Com isto
quero dizer que estou a trabalhar para o meu objectivo.
Na jornada anterior (em Sesimbra) fez
o seu último jogo como jogador. Não será um abandono prematuro, dado que tem
apenas 31 anos?
Penso
que saio na idade certa, a questão física começava a ser um impedimento. Tive
várias lesões durante a minha carreira que me foram limitando época após época
fazendo com que tivesse a vontade de deixar de jogar futebol e iniciar-me como
treinador nesta idade. Para além disso, a vontade de ser treinador era cada vez
maior e assim facilitou a minha decisão.
Lesão grave impediu-o de vir a ser
profissional
Como jogador começou no Almada mas
depois fez toda a sua formação no Benfica chegando a jogar pela equipa B,
seguindo-se outros clubes e depois o regresso a Almada. Quer isso dizer que nem
tudo foram rosas no seu percurso de jogador?
Na
verdade, nem de longe nem de perto foi um mar de rosas! Depois da saída do S.L.
Benfica B, passei por Farense, Elvas, Oliveira do Hospital e Sintrense, e à
excepção do Sintrense, todos me ficaram a dever ordenados. No Farense estive um
ano sem receber mas nunca nos faltou alimentação e casa e as pessoas à volta do
clube sempre nos ajudaram. No Elvas aconteceu uma situação que viria a acabar
com as minhas aspirações de ser jogador profissional de futebol. Num treino
fracturei a tíbia, na sequência dessa lesão fiquei com uma insuficiência venosa
na perna esquerda o que me limitaria em 20%, ou seja, profissionalmente não
teria condições para continuar. Ainda tentei jogar aquele nível passando pelo
Oliveira do Hospital e Sintrense mas era de facto muito difícil e foi esse o
motivo que me levou a optar por jogar no Distrital. Escolhi o Almada o clube
onde me iniciei no futebol e por ser o meu clube do coração. Por esse motivo
nunca saí do Almada, mesmo tendo várias propostas todos os anos.
Está arrependido de algumas decisões
que tomou?
Sim,
há sempre arrependimentos, situações que hoje, faríamos de outra maneira. Por
exemplo, escolher o clube para onde iria jogar por me pagarem mais que outros,
quando deveria ter escolhido pelas condições de trabalho, estabilidade do clube
e pelos treinadores. Faz toda a diferença para a nossa evolução enquanto jovens
à procura de singrar no futebol profissional.
"Queremos estar presente na final da
Taça AF Setúbal"
Para além do campeonato o Almada está
também envolvido na Taça da AF Setúbal onde vai defrontar o V. Gama, em Sines,
em jogo relativo às meias-finais. O objectivo passa certamente por vencer para
garantir a sua presença na final?
Como
já disse anteriormente, os jogadores entram em campo sempre com vontade de
ganhar, este jogo não será diferente, aliás, será mais motivante pois implica
um lugar na final da taça e isso será prestigiante para o clube e também para os
jogadores. Para além disso o Almada nunca passou as meias-finais da taça e este
ano queremos fazer diferente e alcançar o lugar na final.
Que terá ficado ainda por dizer nesta nossa conversa?