Foi
apenas um ciclo que se fechou…
ABANDONA
CARGO DE TREINADOR MAS FICA COMO COORDENADOR DA FORMAÇÃO
Treinava a equipa sénior desde a sua fundação, levando-a da segunda à primeira divisão, mas abdicou das suas funções no final desta época por opção própria.
A notícia sobre a intenção de sair causou alguma surpresa por isso
impunha-se ouvir Tiago Correia, que conta actualmente com 36 anos.
Estás na
origem da criação da equipa de futebol sénior do Seixal mas agora abdicas das
funções de treinador. Porquê?
É verdade. Foi um convite que surgiu há alguns anos atrás, ainda
eu jogava futebol. Deixei de jogar para abraçar este projecto e construímos uma
equipa a partir do zero, feita com atletas praticamente que vieram dos juniores
e outros que regressaram a casa e que já não jogavam há algum tempo, construímos
uma equipa e foi assim que começou a história do Seixal Clube 1925, novamente em
seniores. No final destes quatro anos decidi parar porque tudo tem o seu tempo.
Entendi que chegou a altura de parar no Seixal a nível de equipa sénior e não
por nenhuma razão específica, foi o fim de um ciclo.
Portanto,
a saída nada teve a ver com resultados?
Não, de forma nenhuma. O Seixal subiu o ano passado à 1.ª divisão
distrital, este ano fizemos o campeonato possível, se é que se pode chamar a isto
campeonato. Nós tivemos um jogo em Outubro e outro em Novembro, quando veio o
confinamento tínhamos apenas dois jogos feitos e depois fizemos quatro jogos em
10 dias, é uma coisa absurda. Estivemos um ano a treinar para fazer 10 jogos e
no caso do Seixal foram quase todos realizados no mesmo mês. Foi um campeonato
atípico mas o Seixal acaba por ficar no meio da classificação misturado com
outras equipas que já estão na 1.ª divisão há bastante tempo. Portanto, a nível
de resultados não foi um campeonato excelente mas foi o campeonato possível
dentro das circunstâncias.
Os atletas que faziam parte do plantel estavam ali só por amor à
camisola, mesmo assim conseguimos formar uma excelente equipa. Os jogadores
estavam sempre presentes nos treinos e deram tudo o que tinham. Se fosse um
campeonato normal poderíamos ficar um pouco mais acima, mas no futebol o se não
existe. Para a época de estreia na primeira divisão creio que não foi mau. Não
havia descidas de divisão mas se houvesse o Seixal estava livre disso. Ou seja,
o objectivo estaria cumprido.
Apesar de
teres deixado o cargo de treinador da equipa sénior vais continuar ligado ao
clube?
Sim, é verdade. Vou continuar como coordenador da formação. O assunto
foi conversado com a direcção e foi uma decisão tomada por mim. Continuo ligado
ao clube pelo menos na próxima época, depois logo se verá. Sou professor e
treinador e o que mais gosto de fazer é treinar mas, neste momento não. Foi
apenas um ciclo que se fechou, ninguém se zangou com ninguém.
E a prova
disso é que foste homenageado pelo clube no último jogo realizado em casa…
A minha decisão já estava tomada há algum tempo mas eu quis deixar
passar aquela sequência de quatro jogos em 10 dias, optei por deixar correr o
tempo para sair na altura certa. Na semana anterior ao jogo com o Barreirense
informei a direcção da minha intenção e eles fizeram-me uma bonita homenagem,
que agradeço. A nossa ligação continua porque para além da relação que tenho
com o clube, que é de muitos anos porque fui atleta na formação, em sénior e agora
treinador, também tenho uma relação de amizade com as pessoas que estão à
frente do clube.
Não vivo obcecado com isso, até porque tenho familiares que estão no
futebol profissional, como é o caso do meu irmão [Rui Correia, defesa-central
do Nacional] e sei muito bem como as coisas no futebol funcionam. Como disse,
não estou obcecado em treinar, muito sinceramente neste momento só iria treinar
se fosse com um projecto diferente e de maior ambição. Não me faz qualquer
confusão estar parado, senão, não tinha tomado a decisão de sair.
Como homem da casa como tens visto a evolução do clube e até onde ele pode chegar com este projecto?
Nos últimos tempos tem
mostrado que é capaz de crescer todos os anos. O clube tem crescido na formação
e também nos seniores, acredito que pode continuar a crescer mas passo a passo,
com calma e sem grandes pressas para que o crescimento seja sustentável. É importante
que não se coloque em grandes aventuras. O clube está a ser gerido por gente da
terra que jogou muitos anos no Seixal, gente que tem uma grande paixão e vive o
clube de forma intensa. Por isso, é natural que todos queiram que o clube venha
a ter o maior sucesso.
Sem comentários:
Enviar um comentário