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domingo, 27 de março de 2022

FUTEBOL FEMININO»» Rui Lourenço, depois do Paio Pires, Amora e Almada

 

Treina agora o Sport Clube Frielas…

 

“ESTÁ NA ALTURA DA FPF OLHAR DE FORMA DIFERENTE PARA OS CHAMADOS CLUBES PEQUENOS”

 


Treinador reconhece o excelente trabalho que está a ser feito pela FPF mas é da opinião que os clubes pequenos devem ser mais apoiados porque são fundamentais para o progresso da modalidade.  

 

 


Rui Lourenço, figura de relevo no futebol feminino na margem sul do Tejo, é agora treinador na equipa sénior do Sport Clube Frielas, segundo classificado na Série F da primeira fase da Taça Nacional de Promoção.


No clube desde o início do ano Rui Lourenço está bastante satisfeito com o trabalho desenvolvido e os resultados estão a corresponder às expectativas.


Em entrevista ao nosso jornal, Rui Lourenço fala desta sua experiência no SC Frielas, do desenvolvimento da modalidade a nível global e da sua passagem pelo Paio Pires, Amora e Almada.   


 


Depois de vários anos na margem sul resolveu atravessar o Tejo e agora está no SC Frielas. Como está a viver esta experiência?

Esta oportunidade surgiu em Janeiro e eu abracei-a de braços bem abertos porque já estava sem treinar à cerca três meses. Nós, que andamos nisto há muitos anos sabemos que quando estamos parados as saudades apertam. O convite surgiu, falei com o presidente e rapidamente chegámos a acordo. Estou muito contente porque se trata de um clube bem estruturado e com ideias bem claras sobre o futebol feminino, tem muitos escalões e está perfeitamente enraizado na AF Lisboa.

 

 

Em termos competitivos a equipa encontra-se na liderança da Taça Nacional de Promoção. É sinal de que tudo está a correr bem?

Sim é verdade, está tudo a correr bem. O projecto não é só para terminar a época. Mas sim um projecto de continuidade e, nesse sentido já estamos a planificar a próxima época. O nosso plantel é curto mas tem muita qualidade e eu vejo as jogadoras motivadas. Há uma mescla de experiência mas também algumas meninas que estão a dar os primeiros passos no futebol feminino, mas todas elas com muita dedicação, muito amor, paixão pela modalidade e muita qualidade. O plantel estava um pouco desmotivado e o meu primeiro trabalho foi unir, juntar, aproximar o plantel do clube e da nova equipa técnica. Através do treino, da conversa e dos meus conhecimentos conseguimos colocar em prática o que pretendíamos, ter uma equipa sólida, competitiva, que respeite o adversário e se respeite a ela própria para que ao domingo passamos ser felizes com a vitória. Até agora tem corrido tudo bem, estamos no bom caminho e o nosso objectivo é passar esta fase na Taça Nacional de Promoção e depois nas eliminatórias tentar chegar à final.    


  

 

Sendo um homem do futebol feminino como está a ver o desenvolvimento da modalidade?

Nestes 12 anos que estou no futebol feminino muita coisa mudou. Os clubes tinham grande dificuldade, e muitos hoje ainda continuam a ter. O papel da FPF tem sido muito importante na divulgação e hoje há muito mais apoios porque as autarquias mas acho que está na altura de olharem para os clubes que na realidade sustentam o futebol feminino. Foi muito importante, em determinada altura, a entrada dos chamados grandes (Braga, Sporting, Belenenses e mais tarde o Benfica) para o marketing e para a própria comunicação social, no entanto os clubes pequenos em minha opinião têm que ter mais ajudas porque são fundamentais para o crescimento da modalidade. Portanto, está na altura da FPF, que tem feito um excelente trabalho, olhar de uma forma diferente para os chamados pequenos e ajudar porque são fundamentais para a continuidade da sustentabilidade do futebol feminino.

 


Na margem sul passou pelo Paio Pires, Amora e Almada. Há algum facto que queira salientar sobre a experiência vivida?

Comecei de forma inesperada na época de 2010 / 2011no Paio Pires, após convite do presidente do clube na altura, o José Carlos Costa. O Paio Pires é um clube que me marcou porque fui atleta durante alguns anos e tenho por ele muito respeito e uma grande admiração. Passei lá anos muito bons, recordo-me de tardes épicas. O Paio Pires foi a primeira equipa em Portugal a ganhar ao Sporting na categoria de sub-19, estivemos duas épocas seguidas a lutar pela subida de divisão. Portanto, foi um clube que me marcou e que jamais esquecerei, assim como algumas pessoas como foi o caso do José Carlos Costa, do Bruno Santos, do actual presidente Jorge Lopes e do falecido Francisco Troncão.

Depois apareceu o Amora, num momento complicado. Trata-se de um clube diferente e mais estruturado. E aqui tenho que salientar o presidente Carlos Henriques que soube aproveitar muito bem a oportunidade, não se limitou a ficar com as jogadoras mas preocupou-se também em criar condições para elas. Foi crescendo e agora está na Liga BPI sendo um dos cinco ou seis clubes com mais condições em Portugal no que diz respeito ao futebol feminino.

O Almada foi a minha última aventura na margem sul, estive lá dois anos e meio e mais uma vez iniciei um projecto a partir do zero, que me deu muito prazer. Foi muito difícil na fase inicial, tenho que deixar uma palavra ao presidente João Vieira que apoiou o projecto e ao Carlos Abrantes que se não fosse ele o futebol feminino não teria pernas para andar. As bases estão lá, agora há só que dar continuidade. O Almada é o clube da minha cidade, foi o primeiro clube que representei como atleta e é o clube do meu coração mas também fico feliz por ter feito parte da história do Paio Pires e do Amora.

Foi um processo natural do qual tenho a consciência tranquila e sinto-me muito feliz por ter participado no crescimento e desenvolvimento da modalidade em toda a margem sul.

 

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