Treina agora o Sport Clube Frielas…
“ESTÁ NA ALTURA DA FPF
OLHAR DE FORMA DIFERENTE PARA OS CHAMADOS CLUBES PEQUENOS”
Treinador reconhece o excelente trabalho que está a ser feito pela FPF mas é da opinião que os clubes pequenos devem ser mais apoiados porque são fundamentais para o progresso da modalidade.
No clube desde o início do ano Rui
Lourenço está bastante satisfeito com o trabalho desenvolvido e os resultados
estão a corresponder às expectativas.
Em entrevista ao nosso jornal, Rui Lourenço fala desta sua experiência no SC Frielas, do desenvolvimento da modalidade a nível global e da sua passagem pelo Paio Pires, Amora e Almada.
Depois de vários anos na margem sul resolveu atravessar o Tejo e agora está no SC Frielas. Como está a viver esta experiência?
Esta oportunidade surgiu
em Janeiro e eu abracei-a de braços bem abertos porque já estava sem treinar à
cerca três meses. Nós, que andamos nisto há muitos anos sabemos que quando estamos
parados as saudades apertam. O convite surgiu, falei com o presidente e
rapidamente chegámos a acordo. Estou muito contente porque se trata de um clube
bem estruturado e com ideias bem claras sobre o futebol feminino, tem muitos escalões
e está perfeitamente enraizado na AF Lisboa.
Em termos competitivos a equipa encontra-se na
liderança da Taça Nacional de Promoção. É sinal de que tudo está a correr bem?
Sim é verdade, está tudo a correr bem. O projecto não é só para terminar a época. Mas sim um projecto de continuidade e, nesse sentido já estamos a planificar a próxima época. O nosso plantel é curto mas tem muita qualidade e eu vejo as jogadoras motivadas. Há uma mescla de experiência mas também algumas meninas que estão a dar os primeiros passos no futebol feminino, mas todas elas com muita dedicação, muito amor, paixão pela modalidade e muita qualidade. O plantel estava um pouco desmotivado e o meu primeiro trabalho foi unir, juntar, aproximar o plantel do clube e da nova equipa técnica. Através do treino, da conversa e dos meus conhecimentos conseguimos colocar em prática o que pretendíamos, ter uma equipa sólida, competitiva, que respeite o adversário e se respeite a ela própria para que ao domingo passamos ser felizes com a vitória. Até agora tem corrido tudo bem, estamos no bom caminho e o nosso objectivo é passar esta fase na Taça Nacional de Promoção e depois nas eliminatórias tentar chegar à final.
Sendo um homem do futebol feminino como está a ver o
desenvolvimento da modalidade?
Nestes 12 anos que estou
no futebol feminino muita coisa mudou. Os clubes tinham grande dificuldade, e
muitos hoje ainda continuam a ter. O papel da FPF tem sido muito importante na
divulgação e hoje há muito mais apoios porque as autarquias mas acho que está
na altura de olharem para os clubes que na realidade sustentam o futebol
feminino. Foi muito importante, em determinada altura, a entrada dos chamados
grandes (Braga, Sporting, Belenenses e mais tarde o Benfica) para o marketing e
para a própria comunicação social, no entanto os clubes pequenos em minha
opinião têm que ter mais ajudas porque são fundamentais para o crescimento da
modalidade. Portanto, está na altura da FPF, que tem feito um excelente
trabalho, olhar de uma forma diferente para os chamados pequenos e ajudar
porque são fundamentais para a continuidade da sustentabilidade do futebol
feminino.
Comecei de forma
inesperada na época de 2010 / 2011no Paio Pires, após convite do presidente do
clube na altura, o José Carlos Costa. O Paio Pires é um clube que me marcou
porque fui atleta durante alguns anos e tenho por ele muito respeito e uma
grande admiração. Passei lá anos muito bons, recordo-me de tardes épicas. O
Paio Pires foi a primeira equipa em Portugal a ganhar ao Sporting na categoria
de sub-19, estivemos duas épocas seguidas a lutar pela subida de divisão.
Portanto, foi um clube que me marcou e que jamais esquecerei, assim como
algumas pessoas como foi o caso do José Carlos Costa, do Bruno Santos, do
actual presidente Jorge Lopes e do falecido Francisco Troncão.
Depois apareceu o Amora,
num momento complicado. Trata-se de um clube diferente e mais estruturado. E
aqui tenho que salientar o presidente Carlos Henriques que soube aproveitar
muito bem a oportunidade, não se limitou a ficar com as jogadoras mas preocupou-se
também em criar condições para elas. Foi crescendo e agora está na Liga BPI
sendo um dos cinco ou seis clubes com mais condições em Portugal no que diz
respeito ao futebol feminino.
O Almada foi a minha
última aventura na margem sul, estive lá dois anos e meio e mais uma vez
iniciei um projecto a partir do zero, que me deu muito prazer. Foi muito
difícil na fase inicial, tenho que deixar uma palavra ao presidente João Vieira
que apoiou o projecto e ao Carlos Abrantes que se não fosse ele o futebol feminino
não teria pernas para andar. As bases estão lá, agora há só que dar
continuidade. O Almada é o clube da minha cidade, foi o primeiro clube que
representei como atleta e é o clube do meu coração mas também fico feliz por
ter feito parte da história do Paio Pires e do Amora.
Foi um processo natural
do qual tenho a consciência tranquila e sinto-me muito feliz por ter
participado no crescimento e desenvolvimento da modalidade em toda a margem
sul.
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