RICARDO CLEMENTE»» Entrevista Exclusiva - JORNAL DE DESPORTO

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quinta-feira, 18 de setembro de 2025

RICARDO CLEMENTE»» Entrevista Exclusiva

 

CAMINHAR PARA SER TOPO MUNDIAL


 


Ricardo Clemente, Coordenador Técnico e Treinador no Projeto Gverreiros do Futuro de Rendufe, celebra 10 anos de carreira e tem como ambição, chegar ao topo do futebol mundial.

 



Natural de Cortiçadas de Lavre, distrito de Évora, residiu desde os 12 anos em Samora Correia. Atualmente vive no concelho de Vila Verde, Braga, onde abraçou este projeto com total dedicação.




Este ano completas 10 anos como treinador. Que balanço fazes desta década?

Antes de mais obrigado pela entrevista José Pina, sempre admirei o seu trabalho em prol do futebol. Em relação ao que me perguntou, em sido uma jornada de crescimento contínuo e superação pessoal.  Ao longo destes 10 anos, tive a oportunidade de trabalhar em clubes como o Sport Lisboa e Benfica, Casa Pia AC e outras instituições da região de Lisboa e Vale do Tejo. Atuei em contextos competitivos exigentes, tanto com equipas seniores masculinas e femininas como com escalões de sub-19, inseridos em campeonatos nacionais. Cada etapa contribuiu decisivamente para a consolidação da minha identidade como treinador.



Atualmente lideras o Projeto Gverreiros do Futuro de Rendufe. Qual é exatamente o teu papel?

Sou Coordenador Técnico e Treinador no Projeto Gverreiros do Futuro de Rendufe, que está integrado no Rendufe Futebol Clube e mantém uma parceria oficial com o Sporting Clube de Braga. Coordeno os escalões de iniciados e juvenis, garantindo que a metodologia aplicada está alinhada com os padrões de excelência definidos pelo SC Braga - uma referência nacional em formação. Tenho o privilégio de trabalhar com dois treinadores que representam exatamente essa exigência e qualidade: Ricardo Silva e Miguel Carvalho. Ambos são profissionais altamente competentes, com uma leitura tática apurada, capacidade de adaptação e uma postura exemplar no trabalho com os atletas. São perfeitamente adequados à metodologia do SC Braga, e é um verdadeiro orgulho tê-los integrados nas equipas técnicas sob a minha coordenação. A forma como interpretam e aplicam os princípios do projeto tem sido decisiva para o crescimento técnico e humano dos nossos jovens jogadores.




Tens formação internacional em instituições de referência. De que forma isso influencia o teu trabalho?

De forma profunda. Tive a oportunidade de realizar formações certificadas no Real Madrid CF, FA England, FIFA e Scottish FA. Estas experiências proporcionaram-me uma visão estratégica e global do jogo, que aplico diariamente nos treinos de alto rendimento. A minha abordagem combina exigência com sensibilidade humana, porque acredito que o verdadeiro desenvolvimento do atleta acontece quando há equilíbrio entre rigor técnico e valorização pessoal.


Como foi para ti ser pupilo do Prof. António Fonte Santa?

Foi, sem dúvida, uma das experiências mais marcantes da minha formação. O Prof. António Fonte Santa está no topo dos méritos da minha carreira, não apenas pelo seu conhecimento técnico, mas pela forma como transmite valores, método e visão. Trabalhar sob a sua orientação no Sport Lisboa e Benfica foi uma verdadeira escola de excelência. Ele tem uma capacidade única de formar treinadores com identidade, e muito do que aplico hoje na leitura de jogo, na estruturação dos treinos e na gestão emocional tem raízes no que aprendi com ele. Ser seu pupilo foi um privilégio que moldou profundamente a minha forma de estar no futebol.



Um treinador que te defrontou, e que preferiu manter o anonimato, referiu ao jornal um episódio curioso: a tua equipa estava a perder por 3-0 e, em apenas 15 minutos, virou o resultado para 3-6. Ele disse: “Não sei como o fez. O que é que ele faz aos jogadores? Que visão teve?” — Podes partilhar o que aconteceu nesse momento?

Esse episódio é um exemplo claro da importância da leitura de jogo e da gestão emocional. A viragem não foi fruto de improviso, mas sim de uma análise rápida e precisa dos desequilíbrios do adversário, aliada a uma comunicação objetiva com os meus jogadores. Ajustei a estrutura tática, redefini zonas de pressão e, acima de tudo, reforcei a confiança do grupo. Quando uma equipa acredita, executa com convicção. Não se trata de magia, mas de método, clareza e liderança emocional.


És frequentemente referido como um treinador de perfil mundial. Como encaras esse reconhecimento?

Encaro com humildade e sentido de responsabilidade. É sempre gratificante ouvir esse tipo de reconhecimento, mas para mim, o foco está no trabalho diário, na evolução constante e na capacidade de aprender com cada contexto. Tenho consciência do valor que trago fruto de anos de formação, experiência e dedicação mas também sei que o caminho é longo e que há sempre espaço para crescer. Sou um treinador sem limites, que se desafia constantemente. Acredito que, para vencermos os outros, temos primeiro de vencer a nós próprios , superar dúvidas, resistências e zonas de conforto. Essa é a base da minha filosofia. Também reconheço que perco jogos, especialmente na pré-época, onde raramente ganho. E isso é intencional: uso esses momentos para fazer análises profundas aos meus jogadores, testar dinâmicas e preparar o grupo para o que realmente importa, o campeonato. O reconhecimento como treinador de perfil mundial não se mede apenas por resultados, mas pela consistência, pela visão e pela capacidade de transformar contextos, estou com os pés assentes na terra e vou continuar a caminhar para a minha meta.



Qual é o teu maior objetivo neste momento?

Vou iniciar brevemente o Nível 3 de treinador, uma etapa fundamental para consolidar a minha evolução técnica e metodológica. No entanto, o meu objetivo principal é claro: alcançar o topo do futebol mundial. Essa ambição não é um desejo abstrato, é um compromisso diário com o trabalho, com o estudo e com a excelência. Estou a construir esse caminho com convicção e propósito.



Ricardo, para terminar: temos conhecimento que criaste e integraste na tua ideia de jogo uma Metodologia Biotática de Animais e a filosofia de António Pintus. Como classificas e aplicas essas duas ideias no campo?

São duas abordagens que definem a minha identidade como treinador inovadoras, funcionais e profundamente ligadas ao comportamento humano e desportivo.

A Metodologia Biotática de Animais é um modelo que desenvolvi para traduzir comportamentos táticos complexos em padrões naturais, inspirados nas características instintivas de diferentes espécies. Por exemplo:

· A agressividade do leão representa o jogador dominante na pressão alta.

· A inteligência do corvo traduz-se na leitura de jogo e antecipação.

· A resiliência da formiga reflete o trabalho invisível mas essencial na recuperação defensiva.

· A explosividade da chita aplica-se nas transições ofensivas rápidas.

Esta metodologia permite aos jogadores visualizar e interiorizar funções táticas com maior clareza, tornando o treino mais intuitivo, envolvente e eficaz. A sua aplicação é feita de forma prática e pedagógica:

· Utilizo analogias visuais e verbais durante os treinos, associando cada animal a uma função específica no sistema de jogo.

· Crio exercícios situacionais onde os jogadores assumem “papéis animais” em contextos reais de jogo.

· Estimulo a autoidentificação: cada atleta escolhe o animal que melhor representa o seu perfil, reforçando o compromisso e a consciência tática.

· Promovo discussões em grupo sobre como cada “animal” interage com os outros, criando uma lógica coletiva e ecológica dentro da equipa. 


Por sua vez, a filosofia de António Pintus, que admiro profundamente, está presente na forma como preparo fisicamente os meus jogadores: intensidade, recuperação ativa, foco na longevidade e explosão muscular. Pinto uma base física que sustenta toda a ideia de jogo porque sem corpo, não há execução.


Quando fundimos a Biotática com a filosofia de Pintus, os resultados são evidentes:

· Melhoria significativa na resposta tática sob fadiga 

· Aumento da agressividade funcional sem perda de controlo emocional 

· Maior capacidade de recuperação entre esforços intensos 

· Crescimento da inteligência situacional em tempo real 

Mas como represento o SC Braga e a sua identidade na parceria com o Rendufe FC transmito  adaptando o que passaria na minha metodologia, mas na deles, respeitando e promovendo os seus valores e cultura.

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