Desgaste
causado pelas longas viagens foi a principal razão…
“EQUIPA
FOI CONSTRUÍDA PARA NÃO DESCER DE DIVISÃO E EM DEZEMBRO ESTÁVAMOS EM 3.º LUGAR”
O U. Santiago, que o ano passado fez uma época para esquecer,
surgiu em 2016/2017 com um grupo quase totalmente renovado e com um novo líder
e as coisas mudaram completamente de figura.
Mesmo sem nomes sonantes, a equipa foi praticando bom
futebol, conseguindo bons resultados e andou sempre a morder os calcanhares aos
primeiros, fruto do bom trabalho desenvolvido.
Terminou o campeonato em sexto lugar, posição bastante honrosa
que merece o aplauso dos seus adeptos e dos próprios dirigentes que propuseram
a continuidade do treinador Álvaro Mendes, que foi também uma agradável
surpresa neste campeonato. Só que Álvaro Mendes não aceitou o convite alegando
o desgaste causado pelos 260 km que se via obrigado a fazer em dia de treino e
jogos.
Em entrevista ao nosso jornal, Álvaro Mendes fala desta
situação e da forma como decorreu a época, em jeito de balanço…
“Foi-me
pedido para evitar os sobressaltos da época anterior”
“No início da época o U. Santiago era um dos candidatos à
descida de divisão. Quando lá cheguei era uma equipa feita aos pedaços e com
apenas dois ou três jogadores que tinham sobrado da época anterior, que tinha
sido muito complicada. O plantel foi feito à pressa com jogadores que foram
buscar a divisões inferiores e eu não conhecia nada no clube, nem jogadores,
nem sequer o meu adjunto (Nuno Campos). Foi-me pedido para fazer o melhor
possível; ou seja, um campeonato tranquilo, para evitar os sobressaltos da
época anterior e o que fizemos foi muito mais que isso”, começou por dizer
Álvaro Mendes.
E, prosseguindo acrescentou: “Organizámos a equipa,
valorizámos o clube, jogámos a época inteira com dois juniores (Couto e João
Raposo) e chegámos a Dezembro em terceiro lugar, a fazer sonhar muita gente.
Depois, em vez de nos reforçarmos (mas atenção que eu nunca pedi nada disto) fomos
perdendo jogadores, como foi o caso do Tiaguinho que era o nosso melhor
marcador, o Guedes, o Daniel Direito e as coisas tornaram-se um pouco mais
complicadas”.
“Jogadores
trabalharam sempre como se fossem profissionais”
O treinador do U. Santiago confidenciou que “tínhamos um
sonho que era a Taça AFS mas fomos eliminados de forma dramática pelo Charneca.
De qualquer forma, chegámos ao final da época com uma base perfeitamente construída
e com uma equipa com muita criatividade táctica que criava muitas situações de
golo e entrava sempre em qualquer campo com o objectivo de ganhar. Foi
realmente uma época sensacional mas os últimos dois meses foram muito difíceis
principalmente nos jogos fora porque chegávamos aos campos sem almoço e muito
em cima da hora. Apesar disto, convém dizer que os jogadores foram brilhantes
ao longo da época porque trabalharam sempre de forma incrível como se fossem
profissionais”.
“Tinha
a ideia de continuar mas depois as coisas começaram a esfriar…”
Face ao bom trabalho desenvolvido foi convidado a
continuar mas não aceitou o convite devido essencialmente ao desgaste causado
pelos muitos quilómetros que tinha que fazer em dia de treino e jogos.
“A época foi boa e as pessoas queriam que eu continuasse
mas depois de ponderar bem entendi que não devia continuar porque o desgaste
era muito grande e o subsídio que recebia não compensava. Para ficar tinha que
ser com condições muito especiais porque não é fácil fazer 3 ou 4 vezes por
semana 260 km por dia. Até há pouco tempo a minha ideia era continuar porque
achava que tinha ficado algo por fazer mas depois as coisas começaram a esfriar
com algumas decisões que foram tomadas, e que não foram do meu agrado e optei
por não continuar”, explicou Álvaro Mendes.
“Sei que o clube tem vontade de fazer mais qualquer coisa
só que por vezes tem que se passar das palavras aos actos, só as promessas não
chegam. Durante a época ficaram sempre com a ideia de que eramos uma equipa que
tinha sido criada com objectivos de subida, mas isso é mentira, a equipa foi
criada para não descer, basta ver o historial dos jogadores para perceber isso”,
acrescentou.
“O futuro
a Deus pertence”
Antes de finalizarmos a nossa conversa, Álvaro Mendes fez
questão de “deixar uma palavra à direcção do clube e em especial ao seu
presidente pela oportunidade que me deu de treinar o U. Santiago, ao Sorin que
fez um trabalho incrível naquele relvado, ao sr. Bejinha que que é uma pessoa
notável e um agradecimento especial ao Nuno Campos que vive o clube como
ninguém. Aliás, não vejo o futuro do U. Santiago sem passar pelo Nuno Campos”.
Interrogado sobre o futuro referiu Álvaro Mendes
respondeu de forma lacónica. “Como se costuma dizer, o futuro a Deus pertence.
Neste momento, não tenho nada. Se surgirem convites irei analisá-los para depois
decidir. Confesso que gostava de continuar a exercer funções porque sou um
homem do futebol e o futebol é uma das minhas paixões. Vou aguardar”.