Lutar pela manutenção na 2.ª divisão é prioritário ...
“O AMORA TEM DE ESTAR DENTRO DE DOIS ANOS NA LIGA BPI”
Colocar a equipa sénior entre as melhores nacionais e a formação a ganhar títulos é o grande objetivo do clube, a curto prazo.
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Como explica este ingresso no Amora?
O Racing Power, clube do qual sou fundador, é o projeto da minha vida. Saí por decisão minha, mas agora isso já é passado. A vida continua e sou um apaixonado pelo futebol feminino. Tinha prometido a mim mesmo que iria trabalhar apenas nos bastidores, depois de cinco anos muito intensos no RP, na elaboração de projetos que redundassem na criação da associação de clubes de futebol feminino, ou em estar muito atento a todas as decisões tomadas pela FPF em prol do futebol feminino para na hora certa, no local certo, a mudança para uma liga profissional ser uma realidade. Mas o presidente da MAG do Amora, Carlos Henriques, já me conhece há alguns anos, o presidente do clube, Rui Pedro, é meu camarada de armas na Marinha, eles sabiam da minha disponibilidade e da minha experiência e lançaram-me o desafio de ser o Diretor Geral do Futebol Feminino do Amora FC. Apenas fiz um pedido, que me deixassem falar com a minha filha, que como todos sabem é guarda-redes da equipa sénior e treinadora de guarda-redes das equipas de formação, para saber se a Beatriz se sentia confortável com essa situação.
O Nuno Painço é ambicioso, o trabalho realizado é prova disso. Quais são os seus objetivos para o novo clube?
Sempre fui à luta, nunca precisei que me assobiassem para beber água, como diz o velho ditado. Ser ambicioso faz parte do meu trabalho, estou sempre muito atento a todos os pormenores e adoro trabalhar sobre pressão. A equipa sénior no máximo em dois anos tem de estar entre as melhores equipas nacionais e isso implica estar na liga BPI e na formação temos de ganhar títulos.
Sendo um profundo conhecedor da realidade do futebol feminino no nosso País. Em que patamar coloca o Amora com as condições que proporciona aos atletas e treinadores?
O Amora FC tem tudo para ser um dos melhores clubes a nível nacional no futebol feminino, basta que as pessoas acreditem que o futuro passa pelo futebol feminino. Mas para isso é preciso ter as pessoas certas nos cargos certos, não basta termos as melhores infraestruturas, temos de ter os melhores dirigentes, os melhores coordenadores, os melhores treinadores e as melhores atletas, mas principalmente ter uma estratégia de curto, médio e longo prazo e acreditar no processo, não desistir do mesmo quando algo corre mal, porque é muito mais penoso começar tudo do zero. Neste momento temos duas situações bastante distintas no futebol feminino do Amora FC: uma formação muito forte, liderada por dois coordenadores extremamente competentes, com cerca de 200 atletas a competir desde os benjamins às sub-19, e todos estes escalões têm objetivos muito claros – Benjamins e Sub-13 formar a jogar e a brincar, dar a liberdade que estas atletas decidam que é mesmo o futebol que querem praticar e não uma imposição dos encarregados de educação; Sub-15, Sub-17 e Sub-19, formar a ganhar sempre foi o lema que implementei na formação e quando cheguei também já estava instituído. Sermos campeões distritais Sub-15 e Sub-17 e atingirmos a primeira divisão nacional com as Sub-19.
Esta época não está a ser famosa em termos de campeonato e o apuramento para a fase das subidas já não é possível...
Correu tudo mal desde a pré-temporada, isso já foi assumido e eu não me quero alongar muito sobre este assunto porque as pessoas já sabem a minha opinião sobre tudo aquilo que se passou e sobre a qualidade do plantel que temos. Neste momento vamos lutar pela manutenção na segunda divisão e não vai ser nada fácil, com a descida de cinco equipas diretamente, a 3.ª classificada vai ao playoff e as duas primeiras garantem a manutenção, por isso não vai ser nada fácil, mas acredito que se equilibrarmos o plantel em janeiro, temos o dever e a obrigação de nos mantermos na segunda divisão. Eu sei o que é subir a pulso da 3.ª divisão à liga BPI é muito penoso, quanto mais abaixo estivermos, menos apoios recebemos por parte da tutela do futebol. Por isso, tem de haver uma estratégia para o futebol feminino, dignificar o futebol feminino para que os investidores e os patrocinadores apareçam sem qualquer receio. Mas esse é um trabalho que a estrutura tem de fazer e bem. Não podemos ter uma formação forte e uma equipa sénior medíocre e uma formação medíocre e uma equipa sénior forte tem de haver um equilíbrio que este ano não estamos a conseguir ter.
E o projeto que promete revolucionar o futebol feminino em Portugal continua em marcha, ou está parado devido ao cargo que agora ocupa?
Eu nunca paro, tudo continua em andamento. Como disse anteriormente, a prioridade passa por criar alguém que defenda e apoie os clubes com a criação da associação de clubes de futebol feminino, se todos aqueles que fazem parte da indústria do futebol têm quem os represente, porque não os clubes terem alguém verdadeiramente que os represente. E depois criar a liga profissional de futebol feminino ou mesmo a inclusão na liga de futebol profissional masculina. Neste momento a prioridade da FPF passa pela arbitragem e pelo futebol masculino e não pelo feminino e os clubes de uma vez por todas têm de abrir a pestana, os clubes só servem para colocar jogadoras nas seleções nacionais e não têm qualquer contrapartida e ainda por cima têm de ter todos os encargos em caso de lesão nas seleções nacionais. Por isso estou sempre muito atento.

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