Recurso foi decidido por 3 elementos da outra lista ...
A ELEIÇÃO A QUE NÃO NOS DEIXARAM CHEGAR
Aos clubes filiados, aos órgãos da Associação de Futebol de Setúbal (A.F.S.) e a todos os que ainda acreditam que o futebol associativo deve respeitar a ética democrática:
Contudo, este é um dia que, para muitos, não se celebrará como uma festa da democracia.
Porque não haverá verdadeiro voto sem verdadeira escolha. E neste ato, o que faltou foi exatamente isso: a possibilidade de escolha.
A lista que aqui se dirige publicamente a todos os clubes foi impedida de participar nas eleições. Não por erro material, não por ausência de requisitos, não por qualquer falha que nos possa ser imputada — mas por um conjunto de atos e omissões que, conjugados, construíram uma exclusão eficaz, silenciosa e administrativamente limpa, mas politicamente inaceitável e eticamente censurável.
Chegámos ao processo com todos os órgãos preenchidos, com ideias, com propostas, com legitimidade. E com apoios — sim, com clubes que nos receberam, subscreveram e partilharam connosco a urgência de renovar, de fazer diferente, de abrir o debate.
1. Subscrições recolhidas e invalidadas — só para uns
A nossa candidatura entregou subscrições de vários clubes, incluindo três que, dias depois, assinaram também pela lista concorrente.
Essas subscrições, recolhidas antes das da lista hoje votada, foram a prova da metodologia torpe que foi utilizada para nos afastar.
Esses mesmos clubes foram abordados por elementos da lista concorrente e ouviram deles, diretamente, que “o que conta é o voto no dia 29”.
Isto não é apenas imprudência. É manipulação. É a institucionalização do cinismo.
2. Um regulamento que serve quem manda
O regulamento da AFS proíbe a subscrição de mais de uma lista. É uma norma que, sob o pretexto da clareza, elimina a liberdade.
O seu efeito real foi este: permitir que quem recolheu assinaturas por último tivesse vantagem, desde que os reguladores quisessem que assim fosse.
Não há qualquer fundamento técnico, legal ou lógico para que tal norma prevaleça. Mas, mesmo aceitando-a, a sua aplicação seletiva descredibiliza o processo.
Regras que só se aplicam a uns, não são regras — são instrumentos.
3. Um recurso decidido por quem estava na outra lista
Face ao indeferimento, apresentámos recurso ao Conselho de Jurisdição. Esse recurso foi liminarmente indeferido por três membros que integram a própria lista concorrente.
Nada mais precisa de ser dito quanto à imparcialidade do julgamento.
Nenhuma testemunha foi ouvida. Nenhuma verificação foi feita. Nenhuma dúvida foi esclarecida.
A resposta foi rápida, seca e administrativa. Porque a pressa de excluir foi maior do que o dever de apurar.
4. O preço da exclusão é a perda de legitimidade
Não estivemos hoje nos boletins de voto. Mas estivemos — e estamos — no centro daquilo que esta eleição deveria ser: escolha livre, confronto de ideias, pluralismo associativo.
A lista hoje votada venceu a corrida. Mas venceu sozinha, depois de empurrar os outros para fora da pista.
Pode vir a liderar. Mas não liderará com legitimidade democrática plena. Porque essa só existe quando há alternativa e confronto.
5. A nossa posição – clara, tranquila, irreversível
Não nos move o ressentimento. Move-nos o dever de dizer, com firmeza e verdade, o que aconteceu.
Não contestamos o resultado. Contestamos o processo.
E fazemos questão de o afirmar, hoje, no próprio dia da eleição — para que, mais tarde, ninguém alegue ignorância, distração ou surpresa.
Por tudo isto, declaramos publicamente:
• Que a nossa candidatura foi completa, regular e foi indevidamente excluída;
• Que houve tratamento desigual na aceitação das subscrições;
• Que o regulamento eleitoral atual precisa de ser revisto urgentemente;
• Que o Conselho Jurisdicional não garantiu imparcialidade;
• Que o processo eleitoral não cumpriu os requisitos mínimos de transparência democrática.
Hoje não estamos nas urnas. Mas não estamos calados.
Não recuamos. Não desistimos. Não nos resignamos.
Porque há momentos em que o mais importante não é ganhar — é ter a coragem de dizer que assim não se devia vencer.
Pelo futebol. Pela verdade. Por Setúbal.
Os membros da lista excluída das eleições da AFS
Sem comentários:
Enviar um comentário