JOSÉ MEIRELES»» Abraçar outro projecto é a forma mais fácil de esquecer esta má experiência - JORNAL DE DESPORTO

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quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

JOSÉ MEIRELES»» Abraçar outro projecto é a forma mais fácil de esquecer esta má experiência

Copo transbordou no final do jogo com o Beira Mar…

“PASSARAM-SE COISAS ESTRANHAS NO BALNEÁRIO SEM O MEU CONHECIMENTO”


Depois de quatro épocas e meia no Monte de Caparica, José Meireles abraçou um novo projecto esta época no União Banheirense mas as coisas não correram da forma desejada e no último domingo, no final do jogo com o Beira Mar de Almada, apresentou a sua demissão do cargo de treinador.

Com a equipa colocada no último lugar da tabela classificativa à priori pode pensar-se que a decisão tem a ver com os resultados mas neste caso, de acordo com José Meireles, não foi apenas isso.

Em entrevista ao nosso jornal José Meireles, que se mostra disponível para abraçar outro projecto, conta ao pormenor o que se passou e explica por que razão tomou aquela decisão.



No dia da apresentação perdi 90% do plantel

Esta passagem pelo Banheirense não correu bem. O que falhou?
Sim efectivamente não correu nada bem ou então não houve tempo para que as coisas corressem melhor, passo a explicar. Quando fui convidado para assumir a equipa não pensei duas vezes e aceitei de imediato pois via a possibilidade de voltar a uma terra onde em tempos tinha sido feliz e, depois, porque ia reencontrar alguns dos atletas que também tinham sido felizes comigo nesse tempo. No dia da apresentação esses mesmos atletas comunicam-me que iam sair do clube pois tinham recebido convites de outas equipas e iam ser remunerados, com isto perdi 90% da equipa titular da época finda. Houve que fazer uma equipa completamente nova e quando assim é necessitas não de algum tempo mas de muito tempo.


A saída de Amândio Jesus e os problemas actuais da sociedade

Ficaste desiludido com alguma coisa?
Sim houve algumas coisas que me desiludiram bastante, uma delas foi ter perdido o Sr. Amândio Jesus como director da equipa, homem do futebol com quem se pode falar porque falamos a mesma linguagem. Depois, porque acabei por ter um grupo de jovens que vive os problemas actuais da sociedade e que não conseguem entender que numa equipa é inevitável que haja choque de opiniões, personalidades e estilos. Alguns jogadores tinham e têm dificuldades em aceitar ideias diferentes das deles e impõem em parte o seu ponto de vista aos outros. Estes conflitos desperdiçam tempo, energia e desvia sobretudo o grupo dos seus objectivos.


Quando se treina com 10 / 13 jogadores não é fácil ter sucesso

Há alguma explicação para os resultados menos positivos da equipa?
Sim, existe sempre uma explicação. Por vezes há coisas que levam ao insucesso, embora eu esteja convencido que iriamos chegar onde queríamos, e, onde queríamos chegar desde o primeiro dia era não descer. Foram inscritos 27 jogadores, depois de se iniciarem os treinos entre nunca terem aparecido, saído definitivamente e deixado de aparecer temos um total de 5 atletas, possivelmente os que deixaram de aparecer voltam agora. Quer isto dizer que passámos a ter 22 atletas, destes dois estão lesionados há 2 meses e ambos tinham possibilidades de serem titulares até porque até ao momento que se lesionaram eram. Quer isto dizer que sobram 20 atletas, destes cinco trabalham na Auto Europa por turnos o que quer dizer que numa semana treinavam na outra não. Se contabilizar os que faltavam por esta razão ou outra tinha entre 10 e 13 jogadores por treino logo aqui poderemos encontrar uma razão para insucesso. Pensou-se várias vezes em ir buscar jogadores a outros lados mas infelizmente o clube também não tem condições financeiras para o fazer, isto foi sempre o que nos transmitiram e tenho que acreditar que é assim.


Reuniões, traições e pseudo-treinadores…

Não é muito normal um treinador apresentar a sua demissão. O que te levou a tomar a decisão, foram só os maus resultados?
Não apresentei a demissão pelos maus resultados até porque estou ciente do trabalho que eu e a minha equipa técnica estávamos a realizar e sabíamos que mais dia ou menos dia iriamos ter frutos do mesmo. Apresentei a demissão por duas situações muito desagradáveis que não tenho problema nenhum em divulgar pois é verdade.

Primeira situação: Quando os resultados não aparecem começam a aparecer aqueles salvadores da pátria que foram despedidos de outros lados e nunca singram em lado nenhum e como é óbvio ao que parece também aconteceu (segundo os directores do UDCB) no Banheirense. Alguns desses pseudo-treinadores ou salvadores da pátria como preferirem começaram a ligar e um deles reuniu mesmo com o Vice-Presidente do clube e com um dos meus sub-capitães (há cerca de duas semanas), se por um lado é legítimo que um Director se encontre com o personagem, agora arrastar para essa reunião um dos sub-capitães sinceramente fico parvo pois já não sei o que ensinam a estes miúdos na Faculdade. Se não estou enganado vou em 34 épocas a treinar equipas e nunca me prestei nem prestaria a um papel destes de falar com o Director e atleta é muito baixo, mostra no mínimo o carácter da pessoa. Quero salientar que sabia desde o primeiro dia do encontro que tinham realizado e mesmo no último jogo em casa o personagem esteve lá a ver, mas nunca mostrei má cara nem para o atleta nem para o Director e continuámos todos a fazer o nosso trabalho. 

Segunda situação: No domingo após final da partida mais uma vez tive vontade de colocar o lugar à disposição e inclusive comentava com a minha equipa técnica que embora sabendo de algumas coisas não queria deixar o clube nem os jogadores e é quando me apercebo de uma conversa do meu vice- presidente dentro do balneário a dizer que havia treino na terça-feira e que possivelmente havia um jogo treino no próximo domingo, no mínimo estranho sendo eu o líder e não saber de nada. Foi quando decidi terminar ali, entrei dentro do balneário solicitei atenção dos jogadores e na presença de outros dois Directores comuniquei aos atletas que ia sair e seria irreversível, sei que ao tomar esta posição ajudei em parte os dirigentes que até aquele momento não tinham sido capazes de me dizer nada.


Estás disponível para abraçar outro projecto?
Sim, sem dúvida. Desde o momento que saí estou preparado para abraçar outro projecto é a forma mais fácil de esquecer esta má passagem.

Há algo mais que queiras acrescentar ao que já foi dito?
Quero desejar ao UDCB e aos meus ex-atletas todo o sucesso e que consigam atingir os objectivos traçados. Ao Neves quero desejar-lhe o dobro do sucesso que ele me desejou a mim nos últimos tempos. Quero também aproveitar para desejar umas Festas Felizes a todos os homens e mulheres de carácter e a ti amigo um grande abraço e continua pois fazes falta tanto ao Jornalismo como ao Desporto.

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