BEIRA MAR DE ALMADA»» Gil Velez fala da sua passagem pelo clube - JORNAL DE DESPORTO

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sexta-feira, 17 de abril de 2020

BEIRA MAR DE ALMADA»» Gil Velez fala da sua passagem pelo clube

Treinador revela as dificuldades que sentiu…

“A NÍVEL DESPORTIVO O BALANÇO É MUITO POSITIVO MAS A NÍVEL PESSOAL MUITO DESGASTANTE”


Gil Velez, que tinha passado pelo futebol de formação do Belenenses, Linda-a-Velha e Atlético, chegou na época passada ao Beira Mar de Almada na qualidade de treinador adjunto principal de Emanuel Mesquita que saiu para o estrangeiro. Após a saída do seu chefe de equipa foi chamado para o cargo de treinador principal funções que desempenhou também esta época até ao momento em que o campeonato foi suspenso.

Agora que o clube suspendeu a actividade da sua equipa sénior, Gil Velez ficou sem clube para treinar mas receptivo a convites para continuar a fazer aquilo que gosta.

Na hora da despedida, o treinador, de 27 anos, falou ao nosso jornal sobre a sua passagem pelo Beira Mar de Almada revelando situações que eram desconhecidas do grande público.

Éramos nós que fazíamos o almoço e levávamos os tachos com massa para alimentar os miúdos naquela que era a sua melhor refeição da semana

Gil Velez está de saída do Beira Mar de Almada. Ficou descontente com a situação?
Nos já queríamos ter saído há algum tempo infelizmente mas tínhamos um compromisso de honra com todos os atletas, boleias para dar e acima de tudo gostávamos imenso deles e tínhamos uma óptima relação e isso impediu-nos de ter saído mais cedo. É um acumular de situações, sendo sincero sentimos um desgaste enorme, como já referi, foi muito complicado. Só os jogadores e nós é que sabemos. Éramos nós que fazíamos o almoço e levávamos os tachos com massa porque, se calhar, havia ali miúdos que essa era a melhor refeição da semana para eles. Foram momentos que guardámos, dos quais retiramos ilações importantes e ensinamentos. Agora esperemos que venha aí um desafio com mais condições, para que nos possamos concentrar naquilo que é a nossa tarefa: o treino, o jogo e os jogadores.



Qual o balanço que faz da sua passagem pelo clube?
A nível desportivo o balanço é muito positivo mas a nível pessoal muito desgastante. Chegámos ao clube no ano passado com muitas dificuldades tanto a nível financeiro como logístico. Tentámos “modernizar” o clube, para que, mesmo com a falta de recursos, conseguíssemos ter algo que, para nós era essencial, como uma sala para trabalho de prevenção, uma sala, mesmo que pequena, para visionamento de trabalhos audiovisuais mas foi muito difícil porque o material também escasseava. Lembro-me que, no início, tivemos que arranjar fisioterapeutas. Arranjámos também um patrocinador que nos deu equipamentos novos para treino e este ano comprou umas redes para as balizas. Conseguimos a divulgação para os nossos canais digitais, chamando a “sUPport - Elevamos a tua imagem” para colaborar connosco, revelando-se uma fantástica equipa de marketing digital e gestão de redes sociais, entre outras coisas. Foram dois anos de muita aprendizagem.

Foi um milagre termos conseguido ser tão competitivos numa divisão como esta e com as condições que tínhamos. Fizemos de tudo dentro do clube

Portanto, não nada foi fácil?
Já tínhamos trabalhado em contextos parecidos, por isso conseguimo-nos adaptar. Mas tal como disse anteriormente, foram dois anos muito desgastantes. Fizemos de tudo dentro do clube, desde arranjar jogadores, fichas técnicas, etc. Foi um milagre conseguirmos ser tão competitivos numa divisão como esta, tendo as condições que tínhamos e conseguirmos arranjar formas de angariar dinheiro para inscrições. Foi uma verdadeira aventura! Mas que não se duvide de uma coisa: fez-nos crescer bastante, quer na capacidade de resistir à adversidade, quer na capacidade de superar desafios, pois não havia uma semana completa em que não tivéssemos que resolver um problema por mínimo que fosse.


A classificação da equipa correspondeu ao que esperava dela?
A classificação actual não contempla 30 pontos mas de qualquer forma estávamos em posição de cumprir o objectivo. Relembro que o ano passado na segunda volta fizemos 20 pontos, conquistados com 6 vitórias 2 empates e 7 derrotas e este ano faríamos mais que 20 pontos seguramente. No último dia de mercado avançámos com contratações e parte do valor fomos nós que pagámos, verba que ficámos de recuperar com a venda de rifas. Íamos conseguir o objectivo sem dúvida alguma e adorávamos acabar o campeonato. Relembro que tínhamos vantagem sobre os nossos adversários directos.


Queremos um projecto desportivo com directrizes claras onde consigamos mostrar o nosso valor

Nos seus horizontes já tem algo em vista para o futuro?
Neste momento não e não vamos aceitar qualquer coisa. Queremos um projecto desportivo com directrizes claras onde consigamos mostrar o nosso valor. Temos algumas situações para analisar mas queremos um clube com capacidade e organização. Por isso, vamos esperar e analisar o que mais se adequa ao momento.

Tem algo mais para dizer?
Quero deixar um abraço ao presidente Rui Bicho que, dentro das disponibilidades do clube, nunca deixou de nos ajudar; ao João Luís, que foi uma pessoa muito importante para nós; ao Fernando Costa, Carlos Alberto e Dona Glória, que é um espectáculo de senhora; quero deixar um abraço de amizade a todos os jogadores que passaram por estas dificuldades e que são verdadeiros campeões. Por último, e se calhar o mais importante, a todos que fizeram parte da nossa equipa técnica durante este tempo o Ricardo Jesus, Emanuel Mesquita, Filipe Ferreira, Pedro Pitacas, Rita, Dani, Hugo, Luís e à “sUPport – Elevamos a tua imagem”, na pessoa do Tiago Sardo. Esperamos que nos possamos voltar a encontrar em breve, num outro contexto, com melhores condições para podermos fazer muito melhor do que fizemos. Um agradecimento muito especial a si por tudo o que faz pelo futebol distrital de Setúbal. Saudações desportivas.


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